GESTÃO DE PROJETOS X GESTÃO DE PROCESSOS: QUAL A DIFERENÇA?

Cada empresa bem-sucedida atinge seus objetivos a seu modo e a partir de variações dos diversos modelos de gestão. Algumas, com estrutura mais verticalizada. Outras, buscando à descentralização de decisões e de poder dentro da organização.

Dependendo daquilo que se propõem a entregar, as empresas podem ser divididas em dois grupos:  um é constituído daquelas que se organizam por operações, o outro, das que se orientam por projetos

Uma organização típica por operação é uma fábrica que produz continuamente celulose, a partir de madeira de eucalipto ou uma unidade de processamento de carvão para ser utilizado em uma usina termo-elétrica. Para aumentar a eficiência da operação estuda-se o balanceamento, a velocidade de produção de cada componente, a manutenção dos equipamentos da linha, entre outros.

Uma operação de processamento de carvão, típica da indústria de mineração no Rio Grande do Sul, é relativamente simples, uma vez que tem poucas derivações:  uma única entrada de insumos e uma única saída de produto acabado.  Já uma fábrica de celulose, é constituída de processos mais complexos que respondem pela entrega de um produto final,  que requer gestão de suprimentos mais apurada e gestão de processos que se integram à linha ao longo da mesma.  Embora distintos em nível de complexidade, os dois casos constituem os clássicos exemplos de administração de operações.

A administração por projetos, diferentemente do gerenciamento de operações, busca entregar um produto ou serviço único ao final de um determinado período de tempo.  Ou seja: o projeto reúne recursos humanos e materiais em esforço temporário.  Desta forma, a construção da unidade de processamento de carvão é um projeto, enquanto a produção do carvão após a unidade construída é uma operação de mineração.  A construção de uma fábrica de celulose é um projeto e a produção de celulose, mesmo sendo  mais complexa que o processamento de carvão,  é uma operação.

A forma como se organiza uma empresa construtora, portanto, deve ser matricial, uma vez que dentro da estrutura da organização existem sim operações, mas todas estão voltadas para o gerenciamento de projetos, sendo esta a principal habilidade exigida dos profissionais que integram sua equipe.

O domínio, das técnicas de gestão de projetos é fundamental para o sucesso de empresas de construção, sendo  a aplicação correta dessas disciplinas o divisor de águas entre as empresas que obtêm êxito em seus projetos e àquelas que não o obtém.

Não há de se confundir, no entanto, gerenciamento e gestão de projetos com simples controle de cronograma e qualidade, confusão essa por vezes existente no mercado e que, como posta, somente arranham a superfície da verdadeira gestão de projetos e gestão da construção. As disciplinas da gestão são muito mais profundas e abrangentes, abarcando também gestão de tempo (cronograma), suprimentos e logística, recursos humanos, custos, comunicações e outras variáveis elucidadas pelo PMBok.

Dizendo de outra forma, a gestão de recursos humanos, de  logística de suprimentos, da qualidade e das comunicações, dentre outros, é que garantem a realização dos empreendimentos no prazo correto, sendo este uma consequência do correto processo de gestão e não a própria gestão. Olhar somente para o prazo em que se realiza um empreendimento e constatar que o mesmo está adiantado ou atrasado é como olhar para um termômetro que indica que uma pessoa está com febre. Não é possível baixar a febre sem olhar para suas causas, assim como não é possível realizar um empreendimento no prazo sem olhar para a gestão das atividades do empreendimento em todas as suas dimensões.

Autor: Júlio César Lamb CEO da Lamb Construções e Engenharia